A Quarta Queer chega à sua terceira edição e dessa vez, o evento quer pensar a política no tempo presente, em diálogo com o cenário político brasileiro e os corpos queers. A mostra, criada com o objetivo de ampliar a visibilidade da arte produzida por pessoas LGBTIQ, retorna na com o tema “Corpos políticos”, em variada programação. A Quarta Queer é uma mostra artística mensal realizada pelo coletivo Beijo no seu Preconceito em parceria com a Cia Luna Lunera.
A terceira edição acontece, quarta-feira, 29 de agosto, no Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, de 13h às 22h, no Teatro Francisco Nunes (Av. Afonso Pena, s/n – Centro/Parque Municipal Renné Giannetti – Belo Horizonte/MG). O evento apresenta rodas de conversas, cinema, oficinas e shows, com destaque para a exibição do filme “Meu corpo é político”, de Alice Riff, o show da banda mineira “Mascucetas” e a roda de diálogo “Queerizando espaços, queerizando a Política” com a presença da ativista keila Simpson. O passaporte para todas as atividades custa apenas R$5,00 (sujeito a lotação do teatro).
A revolução é corporificada
Partindo da ideia de um corpo revolucionário, a “Quarta Queer: Corpos políticos”, busca discutir como a corporificação é central pra entender a política – ou como o corpo é instrumento reflexivo e político de enfrentamento às desigualdades. O diálogo entre corpo e política está em evidência no mundo contemporâneo, em que a noção de representatividade e visibilidade de novas identidades está cada vez mais presente em diferentes esferas sociais.
“Em véspera de eleições presidenciais no país, a edição quer pensar a política no tempo presente e o cenário político brasileiro. Se, por um lado, muitos candidatos e grande parte da mídia abrem espaço e fazem ecoar velhos discursos fascistas, machistas e retrógrados, nas ruas e nas redes sociais um outro grito se faz urgente. Nós somos a nova política. Um corpo-político pulsante. Queer. Irreverente”, explica Igor Leal, um dos organizadores do evento. Em sua fala ele pontua a potência política dos corpos, algo indissociável, na medida em que representam valores e atitudes sociais.
“Quais as estratégias podem ser pensadas para ocuparmos a política institucional na luta pela construção de políticas públicas? É o que o debate Queerizando espaços, queerizando a Política propõe, na presença de Keila Simpson (ANTRA), Tatiana Costa Carvalho (Pretança), Gustavo Pessali (Muitas) e Samuel Araújo (Vote LGBT) e mediação de Jhonatan Horta”, conta.
O Quarta Queer, em sua terceira edição, acentua ainda mais seu papel de debate político e social através da arte. “Todo momento de tensão política no país passa também pela percepção do corpo. É preciso lembrar que a conta da desigualdade social não é paga com índices econômicos, mas com carne humana. Podemos olhar para a arte feita durante regimes ditatoriais e analisar o lugar da representação do corpo: em geral, encontramos um corpo que denuncia seu cerceamento ou um corpo que clama por liberdade. São testemunhos e memória dos sofrimentos dos corpos sob regimes totalitários”, conclui Igor Leal.
O resgate dessas memórias está presente na oficina “Minhas Histórias, Meus Corpos” de Giovana Heliodoro, e também, na exibição do filme “Meu Corpo é Político“, de Alice Riff, e na apresentação musical da banda “Mascucetas“, integrada por 4 artistas trans de Belo Horizonte e que traz em seu repertório letras que discutem a violência e a transfobia, por meio da ironia.
Programação
13h – 15h – Residência de escrita: Nem tudo era uma vez: Memórias Viadas (Anderson Feliciano)
13h-16h – Oficina: Minhas histórias, meus corpos. Ministrada por Giovanna Araujo
Heliodoro.
A noção de tempo no cotidiano se tonou dispersa e a necessidade de autoafirmarmos nossas identidades se fez necessária. Precisamos a todo o momento falar sobre nós, declararmos nossas historias aos outros e reconstruirmos cada vez mais novas narrativas.
Neste contratempo a arte se apresenta como refugio, responde as demandas de seletivos grupos, nos questiona sobre representatividade e invisibilidade.
Onde a arte abarca a sua historia e qual é o seu lugar na arte?
A oficina surge então da necessidade de tornarmos as histórias, vivências, e particularidades de grupos marginalizados socialmente uma experimentação artística. Uma possibilidade de se encontrar através da arte e da historiografia produzindo sobre si, sobre os seus e sobre nós.
A experimentação tem a duração de 3 horas, será realizada no dia 29 de Agosto. Quem ministra a oficina é Giovanna Heliodoro: afrotransfeminista, graduanda do curso de História pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, artista independente, pesquisadora de gênero, articuladora política e social.
As inscrições são gratuitas mediante carta de interesse e abertas para máximo de 15 participantes.
16h- 22h – QueerFeira + Zona Last + Café Mina
16h – Diálogos: “Queerizando espaços, queerizando a Política”
Convidadxs:
Keila Simpson (ANTRA)
Keila Simpson Sousa. PresidenTRA da Associação Nacional de Travestis e Transexuais.(ANTRA). Coordenadora do Centro de Promoção e Defesa dos Direitos LGBT da Bahia. Primeira travesti a coordenar um conselho nacional de combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais – O CNCD LGBT.
Gustavo Pessali (Muitas)
Gustavo Pessali é gay, advogado na Valente Reis Pessali Sociedade de Advogados, educador popular, mestrando em direito pela UFMG e assessor parlamentar na Gabinetona.
Samuel Araújo (Vote LGBT)
Demógrafo e ativista LGBT+ . O Vote LGBT é um coletivo que desde 2014 busca aumentar a representatividade de travestis, transexuais, lésbicas, bissexuais e gays na política institucional brasileira.
Tatiana Carvalho Costa (Pretança)
Professora, realizadora audiovisual, coordena o projeto de extensão Pretança e integra o movimento SegundaPRETA. Mestre em Comunicação Social, é docente no Centro Universitário UNA nos cursos de Cinema e Jornalismo e Assessora Especial da Presidência da Empresa Mineira de Comunicação. É co-autora dos livros “Olhares Contemporâneos” (2013) e “Mulheres Comunicam: Mediações, Sociedade e Feminismos” (2016).
Mediação:
Jonnatha Horta
18h – Ação bate cabelo com Drag Eletrika.
18h30 – Leilão de arte performativa
19h – Cinemão
Exibição do filme “Meu corpo é político” de Alice Riff
Vivenciado o dia a dia ao lado de diversos ativistas LGBT moradores das periferias de São Paulo, o documentário faz um panorama do contexto social em que os personagens estão inseridos e de que forma sua atuação age nas ruas. Além disso, levanta questões sobre a população trans no Brasil e suas disputas políticas. Brasil 2017
Gênero: Documentário. Duração 71 min
20h30 – Show: Banda tipo Mascucetas (Belo Horizonte/Minas Gerais).
Bandja perfomativa mucho loka pronta pra romper fronteiras da temporalidade e lidar com o Uni-Universo. BixasMasculinasTransBoysFemininosTerroristas
SERVIÇO:
Quarta Queer – Corpos políticos
Quando: 29 de agosto, de 13h às 22h
Onde: Teatro Francisco Nunes (Av. Afonso Pena, s/n – Centro/Parque Municipal Renné Giannetti – Belo Horizonte/MG)
Entrada: R$5,00 (sujeito a lotação do teatro