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O evento promoverá uma releitura de um dos maiores escritores brasileiros sob um viés pouco tratado dentro da crítica literária brasileira que é o caráter negro do escritor
Neto de escravos alforriados, nascido livre no Morro do Livramento, no Rio de Janeiro, em 1839, Joaquim Maria Machado de Assis trabalhou, na adolescência, como balconista e operário gráfico. Autodidata, passou da oficina à redação e, daí, ao emprego público e à literatura. Considerado um dos maiores escritores da língua portuguesa, foi acusado de “aburguesamento”, denegação de suas origens e omissão perante os dramas sociais de seu tempo, especialmente a escravidão.
No entanto, seus escritos contradizem a tese absenteísta e deixam evidente que, sob disfarces e dissimulações, tanto o cronista quanto o poeta – ou o genial ficcionista – valeram-se de linguagem sofisticada para, assumindo o lugar do Outro, fazer a crítica do regime e da classe que mantinha.
O professor dr. Eduardo de Assis Duarte (UFMG), autor da antologia “Machado de Assis afro-descendente: escritos de caramujo”, convida o leitor a reavaliar o posicionamento machadiano em relação à escravidão, e às relações inter-raciais existentes no Brasil do século XIX, no evento Chá com Letras, do IDEA Espaço Cultural. Segundo Eduardo, Machado de Assis “nunca apoiou a escravidão e sempre tentou mostrar o escravo como um ser humano injustiçado. Esta é uma constatação que a gente faz no momento em que a nos debruçamos sobre a obra e realizamos uma releitura com este foco, com esta preocupação”.
O Chá com Letras acontecerá na segunda-feira, dia 21 de novembro, às 19h e a entrada é gratuita, mediante retirada de senha 30 minutos antes do início do evento. Após o bate-papo com o professor, o IDEA Espaço Cultural convida todos os participantes para um coffee break, onde se estende a discussão e o contato entre interessados na obra do autor e os especialista presentes.