Foto: Divulgação/Vera Holtz
quero contar de duas noites que me marcaram: já faz quase um mês que elas aconteceram, mas só agora consigo parar pra escrever. fiquemos com o que minha memória deu conta de guardar até aqui ou com a ficção dos fatos.
tudo é verdade, mas é sempre bom lembrar: pode ser mentira.
começo por 30 de março de 2023.
uma quinta-feira na Zona Leste de Belo Horizonte.
festa de 25 anos do Galpão Cine Horto, o centro cultural do Grupo Galpão de Teatro.
entro no centro cultural aniversariante – agora com uma nova pintura na fachada, laranja e azul. estou pouco preparada para os tantos encontros desta ocasião. um dos primeiros: Chico Pelúcio. pra quem não sabe, Chico faz parte do Grupo Galpão e é o grande responsável pelo centro cultural desde a sua fundação. Chico é um incansável da cultura. Chico, te agradeço sempre que posso. nos abraçamos.
o Teatro Wanda Fernandes, palco de tantos acontecimentos, inclusive do nascimento da @quasecia, tinha em sua plateia muita gente que admiro: artistas, professores (peço a licença de um parêntesis para citar Fábio Furtado, Juliana Martins, Kelly Crifer, Glaucia Vandeveld, Camila Morena, Letícia Castilho e Lydia Del Picchia), produtores, técnicos, pessoas queridas que dedicam tanto ao setor cultural da nossa cidade. não sabia se me concentrava no palco ou na plateia, tudo era muito bom de assistir.
a cerimônia começou com apresentação de Samira Ávila, que agora é diretora do espaço ao lado de Laura Bastos (boa caminhada, meninas), e Alan Rodrigues, quem abre e fecha as portas do antigo cinema do Horto todos os dias. os dois conduziram as belezas que vieram pela frente.
para dar início a celebração, um vídeo do Chico, com 38 anos – em 1996, ano que nasci – apresentando a ideia do que seria o Galpão Cine Horto. e eu ali dentro: daquele espaço que se realizou e cumpriu todo o propósito pelo qual foi criado. é impressionante ver o Chico apresentando a ideia estando ali dentro: da realização.
idealizar, planejar, construir, realizar, cuidar: às vezes esse percurso se encerra na primeira palavra, por tantos motivos. que maravilha é ver as ideias que ganharam vida.
ao fundo no vídeo, vemos o quadro de Wanda Fernandes – o mesmo que está, até hoje, na entrada do centro cultural. essa foi uma noite para rememorar a história. tem coisa que é importante não esquecer, e pessoas também.
“recordar – do latim re-cordis – passar de novo pelo coração.”
essa é uma frase do espetáculo “De Tempo Somos – um sarau do Grupo Galpão” que foi apresentado em fragmentos. o Galpão cantou, tocou e dançou pra gente – partes vivas de sua história. um grupo de teatro não faria 40 anos se não tivesse encontrado pelo caminho quem dissesse: sim, vamos, eu acredito no seu trabalho! vi o elenco muito emocionado. era perceptível que aquela cantoria, que já vi tantas vezes, tinha algo de especial naquela noite. claro que tinha. Beto Franco, ator e presidente do Galpão, nos mostrou isso também em sua fala.
logo após o sarau, no palco, se declararam e reconheceram a importância do Galpão Cine Horto: a Secretária Municipal de Cultura Eliane Parreiras, o Subsecretário de Cultura do Governo de Minas Gerais Igor Arci, o Diretor-executivo Léo Lessa e a Presidenta Maria Marighella, da Funarte. na fala de cada um, a importância daquele espaço se escancarava. vi essas pessoas falando com carinho e de forma muito honesta sobre o espaço. dizendo de suas próprias experiências. gente de fora que é muito de dentro, gente que também se formou ali.
depois a noite caminhou para algumas homenagens e mais música. abraços, beijos, encontros às lágrimas. o som, com DJ Black Josie, seguiu e dançamos até acabar, como de praxe, na Gruta ao lado.
vou agora para 6 de abril de 2023, uma semana depois.
vou ao CCBB BH para ver a pré-estreia do espetáculo F(r)icções com a Vera Holtz.
o nome Vera Holtz é um que me interessa.
(convido vocês a conhecerem o perfil @veraholtz no Instagram)
mais muitos encontros nessa noite.
nenhum mais importante do que eu tive com a minha atriz.
Ficções me fez ficar de cara com ela, que susto.
dentro do teatro, antes da peça começar, algo já existe no palco. me interesso. o teatro já começa antes mesmo de acontecer. depois do terceiro sinal, a peça caiu como um raio na minha cabeça. no tempo certo, na hora certa, eu precisava ser atingida bem no-meio-no-topo-da-cabeça pra não ter pra onde fugir.
de novo vi o teatro fazer comigo o que pouca coisa no mundo é capaz: querer permanecer acreditando no sonho. o espetáculo me colocou de frente com uma realidade que me vi pedindo à Vera: por favor, não me deixe sair daqui só com isso, será o fim.
mas assim como tirou – Ficções, que tem Federico Puppi na performance e trilha original ao vivo, direção e dramaturgia de Rodrigo Portella e idealização de Felipe Heráclito Lima – me deu onde pisar.
depois da peça, um brinde e comidas.
tomei muito champanhe. comi de quase tudo que tinha lá. não cumprimentei a Vera que estava no foyer.
conversei com pessoas queridas que estavam por perto.
de lá, fui comemorar o aniversário de uma outra artista que admiro – de perto.
ali, encontrei mais umas tantas.
nos abraçamos. beijamos. bebemos mais.
na saída, pagamos nossa própria conta.
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Galpão Cine Horto
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Ficções
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[dica: esgota em minutos]
por fim, para me despedir:
com a licença do título, fica uma música pra ouvir: