FOTO: Isabelle Chagas
Musicado por Milton Nascimento, o poema Canção Amiga, de Carlos Drummond de Andrade, é uma espécie de hino do Clube da Esquina. A forte amizade que uniu importantes artistas mineiros levou para o mundo uma musicalidade antes inimaginável. Os integrantes do Clube eram viajantes e tinham muito para contar sobre suas caminhadas. Nessas andanças, deram nova roupagem à realidade, unindo moderno e arcaico nas letras das canções. As composições foram inovadoras, contrapondo aspectos do mundo que dividem os módulos da nova mostra temporária do Espaço do Conhecimento UFMG, Canção Amiga – Clube da Esquina, que será aberta oficialmente no dia 14 de julho, sexta-feira.
Três esquinas compõem a exposição, evidenciando o encontro de temas caros ao contexto social e político de 1972 a 1978, período em que os discos Clube da Esquina e Clube da Esquina 2 foram lançados. Conduzidos por Milton Nascimento, músicos como Fernando Brant, Wagner Tiso, Lô Borges, Beto Guedes, Toninho Horta e Tavinho Moura escreveram e cantaram sobre utopia e realidade, cidade e natureza, infância e transcendência.
Ao chegar à mostra, o visitante se depara a primeira esquina: recordada nas canções em forma de brincadeiras e vivências perdidas no tempo, como a bola de meia, a bola de gude, o papagaio de papel, o cheiro de mato e o banho de rio, a infância encontra com a transcendência. Esta é celebrada nas composições, que cantam as manifestações da cultura popular marcadas por religiosidade livre e pelo encontro com o inexplicável.
A segunda esquina une cidade e natureza. A primeira é vista por outro ângulo, como um espaço de ética e política, fugindo do lugar do puro interesse privado. O meio ambiente, por sua vez, aparece com uma preocupação de sustentabilidade, que pede a comunhão com o verde. A terceira e última esquina reflete o binômio realidade e utopia, em que os artistas propunham alternativas para os problemas do presente. As canções deixavam latentes o desejo e a esperança do novo, de uma transformação da realidade que não era satisfatória.
A exposição Canção Amiga é resultado das pesquisas do Centro de Referência da Música de Minas UFMG, um trabalho de pesquisa interdisciplinar que investiga as sonoridades produzidas e em circulação no estado. A exposição ocupa o segundo e o quinto andares do Espaço. No Planetário, haverá a exibição do filme Entre Discos e Esquinas. Na Fachada Digital, uma projeção exibe depoimentos de artistas do Clube da Esquina. A mostra fica em cartaz até setembro.
SOBRE O CLUBE DA ESQUINA
Não há um consenso entre pesquisadores sobre o que é, exatamente, o Clube da Esquina. Para uns, são os dois LPs, produzidos em 1972 e 1978 e conduzidos por Milton Nascimento, com a participação de diversos músicos e compositores mineiros. Para outros, trata-se de um movimento mais sistemático, que tem início em Minas Gerais, mas se espalha pelo Brasil e pelo mundo.
As principais características do Clube são os temas das letras das músicas, como amizade, utopia de um mundo melhor, natureza e os espaços rural e urbano, além da singularidade das melodias, das harmonias e dos arranjos. A multiplicidade sonora e a diversidade cultural marcam grande parte do desenvolvimento artístico e a originalidade da trajetória do Clube da Esquina.
O Espaço do Conhecimento UFMG estimula a construção de um olhar crítico acerca da produção de saberes. Sua programação diversificada inclui exposições, cursos, oficinas e debates. Integrante do Circuito Liberdade, o museu é fruto da parceria entre a UFMG e o Governo de Minas. O Espaço está subordinado à Diretoria de Ação Cultural (DAC) da universidade, é amparado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura e conta com patrocínio da Unimed-BH e do Instituto Unimed-BH.
Serviço: Canção Amiga – Clube da Esquina Quando: Julho a setembro de 2017 Onde: Espaço do Conhecimento UFMG – Praça da Liberdade, 700, Funcionários, BH. |