Você conhece a Josi Lopes? Conheci ela no último ano e me apaixonei. A arte de Josi é incrível. Atriz e cantora, a artista nasceu no Bairro Goiânia, em Belo Horizonte.
Seu primeiro contato com a música foi praticando canto coral, uma bolsa de estudos que o tio pediu numa instituição local. Anos depois, aos 23, conciliou o trabalho de trançadeira num salão de beleza com canjas numa roda de samba. Havia também a cantoria nas festas black do salão. Com o desejo de tocar tambor, se aproximou da Associação Cultural Tambor Mineiro. Lá participou do seu primeiro trabalho cênico musical: O negro, a flor e o rosário. Esta experiência instigou o ingresso no Teatro Universitário da UFMG em 2009. Durante alguns anos foi o trabalho no salão, o espetáculo e o curso existiram simultaneamente. Formada, integrou o elenco de Oratório – A saga de Dom Quixote e Sancho Pança (2012) junto com Maurício Tizumba e Sérgio Pererê, e do espetáculo Zumbi (2012) dirigido por João das Neves.
Em 2013 mudou-se para São Paulo. Na capital foi protagonista do musical O Rei Leão e participou de Mudança de Hábito, Ghost – O musical e Alegria, Alegria. Em busca por uma identidade realizou shows autorais e lançou o EP “Essência” em 2016. Já se apresentou no Sesc Belenzinho (SP), SIM São Paulo, no Festival de Arte Negra (BH), Música Mundo (BH) e no MECA Inhotim (Brumadinho/MG) com o a banda ICONILI, da qual é vocalista recém integrante, Teatro Espanca, BH , Etnohaus RIO e atualmente está em cartaz com a peça ” Porque não vivemos?” com a Cia Brasileira de Teatro.
Seu novo projeto, Prelúdios Negros, é uma mixtape visual na qual ela irá gravar áudio e vídeo de cinco músicas ao vivo em um estúdio móvel. Entre uma música e outra (no prelúdio), serão apresentadas performances com corpos negros em evidência. A artista explica: “O Prelúdio dentro da música erudita são pequenos trechos de canção que antecipam uma obra maior, no caso de prelúdios negros a obra maior em si é o reconhecimento do ser, o entendimento da potência que é se reconhecer pessoa negra nessa existência”.
O trabalho busca explorar o reconhecimento da potência em ser negro – as canções, textos e apresentações cênicas terão esse tema como fio condutor. Josi traz fortes referências de sua ancestralidade miscigenadas com influências musicais contemporâneas. Ela conta: “Escolhi o formato de mixtape para criar uma dramaturgia de continuidade, uma gravação de áudio em formato mixtape não tem pausa entre uma canção e outra, elas são ligadas por fios sonoros que conduzem a obra, no caso de prelúdios negros esses tempos entre uma música e outra vão ser preenchidos por textos, sonoridades, corpos e corpas negrxs em performance.”
A artista traz hibridismo da música étnica, fortemente referenciada pelos tambores do congado mineiro, o teatro contemporâneo e o cosmopolitismo afrofuturista. Para viabilizar a iniciativa, está em aberto um financiamento coletivo na plataforma Evoé até o dia 30 de novembro de 2019.
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