Foto: Divulgação Viventes
A 13ª edição do Cinecipó – Festival do Filme Insurgente será realizada de 4 a 14 de junho de 2025 no Cine Santa Tereza, em Belo Horizonte. A programação inclui exibição de filmes nacionais e internacionais, oficinas e debates com diretores, curadores e pesquisadores da área do audiovisual.
O festival apresenta 24 produções cinematográficas, entre longas e curtas-metragens, com sessões presenciais e uma mostra online. Estão confirmadas obras de estados como Minas Gerais, São Paulo, Pará, Pernambuco, Amapá, Ceará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, além de filmes da Argentina, Cuba, Paraguai e Moçambique. O festival conta com patrocínio da MGS, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte, da Secretaria de Cultura e Turismo de Minas Gerais e do Ministério da Cultura, via Lei Paulo Gustavo.
Um dos principais momentos do festival será o Encontro com Ruy Guerra, nos dias 7 e 8 de junho. O cineasta participará de sessões especiais com exibição de quatro de seus filmes e conversas com o público. O evento também contará com a presença de especialistas como o professor Mateus Araújo Silva (USP), Cláudia Mesquita (UFMG), o curador Luís Flores e a coordenadora do Cine Santa Tereza, Carla Maia.
Abertura e sessões especiais
Antes da programação oficial, duas sessões foram realizadas no dia 3 de junho no Espaço Comum Luiz Estrela. Os filmes “Bibiru: Kaikuxi Panema”, de Latsu Apalai e André Lopes, e “Yvy Pyte – Coração da Terra”, de Alberto Álvares e José Cury, poderão ser assistidos novamente no formato online entre 10 e 30 de junho, no site oficial do festival: www.cinecipo.com.br.
A programação contempla temáticas como povos quilombolas, biodiversidade, territórios indígenas, gênero, infância, meio ambiente, fome, violência rural e justiça social. Os filmes dialogam com as discussões contemporâneas do cinema brasileiro independente.
Oficina de audiovisual
Nos dias 4 e 5 de junho, a oficina “Minha câmera é minha flecha”, com Natália Tupi e Richard Wera Mirim, será oferecida gratuitamente às 16h, na Sala Multimeios do Cine Santa Tereza. As inscrições podem ser realizadas pelo site ou via Instagram @cinecipo.
No dia 14 de junho, às 16h30, o festival realiza a sessão infantil com exibição de animações acessíveis com audiodescrição, Libras e legendas para surdos e ensurdecidos (LSE). A atividade acontece também no Cine Santa Tereza e integra a programação voltada ao público infantil e famílias.
Além do festival, o Cinecipó realiza ações formativas ao longo do ano, como oficinas audiovisuais e sessões em escolas públicas e centros culturais. De acordo com dados do Fórum dos Festivais, mais de 30 milhões de pessoas assistem a filmes em festivais no Brasil, o que reforça a importância desses eventos na formação de público e profissionais do setor.
Sobre Ruy Guerra
Ruy Guerra é cineasta, roteirista e diretor com trajetória iniciada no Cinema Novo. Nascido em Moçambique e radicado no Brasil desde 1958, dirigiu obras como “Os Cafajestes” (1962), “Os Fuzis” (1963), “A Queda” (1978) e “Mueda, Memória e Massacre” (1979). Seus filmes abordam questões políticas e sociais com forte presença estética e crítica.
PROGRAMAÇÃO “13º CINECIPÓ – FESTIVAL DO FILME INSURGENTE”
Local: Cine Santa Tereza
Data: 4 de junho, quarta-feira
Sessão 3, às 16h30, seguida de comentário
A CÂMARA
Dir. Cristiane Brum Bernardes e Tiago de Aragão, Doc. 80’, Brasil, 2023 (Livre)
Das entranhas do parlamento brasileiro, acompanhamos deputadas fazendo política. Temas como direitos reprodutivos, educação, estado laico, racismo e polarização política vêm à tona, enquanto acompanhamos essas mulheres de perto em seus embates e performances políticas.
Data: 4 de junho, quarta-feira
Sessão 4, às 19h, seguida de debate com os realizadores
NOSSO PANFLETO SERIA ASSIM
Dir. Leandro Olímpio, Doc. 25’, São Paulo, 2024 (12 anos)
Eu, meu amigo sindicalista, a Petrobras e o Brasil.
MINHA CÂMERA É MINHA FLECHA
Dir. Natália Tupi e Guilherme Fascina, Doc. 19’, São Paulo, 2023 (Livre)
Richard Wera Mirim é um jovem comunicador indígena do Povo Guarani M’bya da Terra Indígena Jaraguá, território que ainda resiste às margens da Rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo. O filme traz um pouco de sua trajetória, aliada à força do audiovisual e do uso das redes sociais na luta e resistência indígena. Mostra a câmera como uma flecha, uma ferramenta de comunicação poderosa, uma arma para registrar e retratar com o olhar de quem vivencia a cultura, os conhecimentos, os territórios e demais aspectos dos povos originários pelo direito de existir.
AGUYJEVETE AVAXI’I
Dir. Kerexu Martim, Doc. 21’, São Paulo, 2024 (Livre)
O documentário celebra a retomada do plantio das variedades do milho tradicional do povo Guarani M’bya na aldeia Kalipety, onde antes havia uma área seca e degradada, consequência de décadas de monocultura de eucalipto. Considerado como um dos verdadeiros alimentos que os seres divinos possuem em suas moradas celestes, o milho passa por rituais e bênçãos desde o plantio até a colheita, quando a aldeia se junta para festejar. Comê-lo mantém a vitalidade dos seres humanos em equilíbrio, à semelhança das divindades.
Data: 5 de junho, quinta-feira
Sessão 5, às 16h30, seguida de debate com os realizadores
CAVALO SERPENTE
Dir. Priscila Smiths, Doc. 6’, Ceará, 2024 (Livre)
Através de fotografias, são investigadas pistas de um segredo que minha tataravó repassou para minha irmã e ficou guardado em um sonho até eu nascer.
OS SONHOS GUIAM
Dir. Natália Tupi, Doc. 20’, São Paulo, 2023 (Livre)
Para o Povo Guarani M’bya, “os sonhos são como se fossem portais para tudo aquilo que não vivemos no mundo físico… são como uma raiz de árvore que se conecta com a Terra. Eles nos permitem ver pessoas que não vemos mais nesse plano ou interagir com algo que se queria muito na vida”. Este filme retrata algumas das experiências espirituais e sensoriais do jovem líder indígena Mateus Wera, morador da Terra Indígena Jaraguá, em São Paulo. Os sonhos compartilhados são a conexão entre ele e o irmão, Karaí Poty, e entrelaçam os caminhos da vida do cacique nas lutas atuais do seu povo.
CARAVANA DA CORAGEM
Dir. Pedro B. Garcia, Experimental 11’, Distrito Federal, 2024 (Livre)
Três amigos de diferentes regiões do Distrito Federal se reúnem em um parque à noite para compartilhar e detalhar seus medos. O filme percorre a cidade, esboçando imagens enquanto o som ecoa, mesclando-se ao anseio pela vida e pelo movimento.
O LADO DE FORA FICA AQUI DENTRO
Dir. Larissa Barbosa, Drama 25’, Minas Gerais, 2024 (10 anos)
Marina está grávida e descobre, com sua irmã, um passado em que os trabalhadores negros que ergueram a capital foram excluídos. Depois de uma experiência sobrenatural, essas mulheres querem de volta o que lhes foi tomado.
Data: 5 de junho, quinta-feira, no Espaço Comum Luiz Estrela
Sessão 6, às 19h, seguida de debate com os realizadores
VIVENTES
Dir. Fabrício Basílio, Fic. 20’, Rio de Janeiro, 2024 (12 anos)
Desempregado há um bom tempo, Paulinho tem uma entrevista de emprego amanhã. Porém, antes disso, ele precisa imprimir o seu currículo.
SEGUNDA-FEIRA, ENTÃO
Dir. Júlio Pereira, Fic. 25’, Pernambuco, 2023 (12 anos)
Claudia, mãe solteira de Jade, faz entregas de iFood para pagar suas contas. Seu senhorio, Ciro, cobra o aluguel do carro de forma sinistra e invasiva. Ela tem o prazo de sete dias para pagar seu aluguel.
SE EU TÔ AQUI É POR MISTÉRIO
Dir. Clari Ribeiro, Ficção 21’, Rio de Janeiro, 2024 (Livre)
Rio Novo, 2054. A renomada bruxa Dália chega ao porto com uma missão: estabelecer o clã mais poderoso que já existiu e, assim, derrotar a Ordem da Verdade. No futuro, muitas pessoas serão trans, mas apenas algumas serão bruxas.
Data: 6 de junho, sexta-feira
Sessão 7, às 17h, seguida de comentário com os realizadores
A PORTAS FECHADAS
Dir. João Pedro Bim, Doc. 66’, São Paulo, 2023 (Livre)
“13 de dezembro de 1968. O Conselho de Segurança Nacional se reúne para promulgar o Ato Institucional Nº 5. A reunião foi gravada, mas ficou secreta por décadas. Do lado de fora das portas do palácio, a ditadura elabora, sobre si mesma, imagens de redenção nacional.”
Data: 6 de junho, sexta-feira, no Cine Santa Tereza
Sessão 8, às 19h, seguida de comentários de Cláudia Mesquita
OS FUZIS
Dir. Ruy Guerra, Drama 80’, Brasil/Argentina, 1963 (12 anos)
Um grupo de soldados armados é enviado ao Nordeste do Brasil na tentativa de impedir que a população faminta da seca no sertão invada e saqueie um depósito de alimentos. Enquanto a alienação e a loucura de um povo em delírio pela fome latente são conduzidas pelas previsões de um religioso, um motorista de caminhão observa a situação e fica dividido entre sua amizade com os soldados e sua revolta contra a falta de ação do governo para sanar a miséria que assola a região.
Data: 7 de junho, sábado
Sessão 9, às 15h30
O HOMEM QUE MATOU JOHN WAYNE
Dir. Diogo Oliveira e Bruno Laet, Doc. 70’, Brasil, 2017 (12 anos)
O cineasta e autor Ruy Guerra imagina um encontro inesperado com John Wayne. Revoltado contra este ícone do imperialismo americano, o diretor moçambicano agride o astro e acaba causando a sua morte. Esta é a porta de entrada para uma viagem fantástica através da obra e das entrevistas de Guerra, desde os primeiros filmes até suas produções mais recentes. Com depoimentos de Werner Herzog, Chico Buarque e Gabriel García Marquez.
Data: 7 de junho, sábado, no Cine Santa Tereza
Sessão 10, às 16h30, seguida de conversa com Ruy Guerra e mediação de Mateus Araújo
MUEDA, MEMORIA E MASSACRE
Dir. Ruy Guerra, Doc. 75’, Moçambique, 1979 (12 anos)
O filme documenta uma reconstituição do massacre de Mueda, ocorrido em 1960 e levado a cabo por portugueses no distrito de mesmo nome em Moçambique. O episódio significaria uma virada na história da resistência colonial que, a partir daí, desenvolver-se-ia na Luta Armada de Libertação Nacional. Este filme de Ruy Guerra é considerado o primeiro longa-metragem moçambicano, realizado imediatamente após sua independência de Portugal.
Data: 7 de junho, sábado, no Cine Santa Tereza
Sessão 11, às 19h10
*Sessão acessível com audiodescrição, LSE (legendas para surdos e ensurdecidos) e Libras
SOMBRAS DE MACUMBA NA LUZ DA MEMÓRIA
Dir. Mysteryo, Doc. 15’, Rio de Janeiro, 2024 (10 anos)
Entre páginas antigas da Hemeroteca, segredos enterrados emergem, revelando um antigo Rio de Janeiro imerso em mistério e magia, onde sombras ecoam cantos luminosos e rituais ancestrais se eternizam.
VOLLÚPYA
Dir. Jocimar Dias Jr., Éri Sarmet, Fic. 21’, Rio de Janeiro, 2024 (10 anos)
Ao final do século XX, em uma pista de dança em Niterói, corpas dissidentes se encontram em fricção, fazendo aflorar o prazer dos sentidos. Os vestígios de uma histórica boate gay dos anos 1990 são descobertos por um viajante intergaláctico, vindo de um futuro pós-apocalíptico. Nessa insurreição (cuir) contra o baixo-astral normativo, as imagens de arquivo vislumbram a construção de uma comunidade, inspirando transformações no aqui e agora.
QUANDO AQUI
Dir. André Novais, Ficção 30’, Minas Gerais, 2024 (Livre)
Viajar no tempo sem sair do lugar.
Data: 8 de junho, domingo
Sessão 12, às 15h30, seguida de conversa com Ruy Guerra e mediação de Mateus Araújo
A QUEDA
Dir. Ruy Guerra e Nelson Xavier, Drama 106’, Brasil, 1976 (12 anos)
Quando um trabalhador da construção civil sofre uma queda e morre devido a uma negligência deliberada nas normas de segurança, o genro do encarregado da construção tenta obter alguma indenização da construtora para a viúva do homem.
Data: 8 de junho, domingo
Sessão 13, às 19h, seguida de debate com realizadores
*Sessão acessível com audiodescrição, LSE (legendas para surdos e ensurdecidos) e Libras
BABILÔNIA
Dir. Duda Gambogi, Doc.Fic. 23’, Brasil/Cuba, 2024 (10 anos)
Babilônia é um projeto híbrido de curta-metragem que se passa em Babilônia, uma festa de transformismo em Güira de Melena, que é o principal ponto de encontro da comunidade LGBTQIA+ na província de Artemisa. O filme se passa durante a primeira apresentação de Candy, uma jovem drag queen de 20 anos, e um apagão inesperado, que disparam encontros ainda mais extraordinários que o habitual da noite de sábado.
MONALISA
Dir. Tainá Lima, Ficção 17’, Minas Gerais, 2024 (Livre)
Entre lembranças e fantasias, Marcos, Maria e Monalisa enfrentam suas inseguranças, desejos e medos.
EXPRESSO PARADOR
Dir. JV Santos, Ficção 25’, Rio de Janeiro, 2023 (Livre)
No Rio de Janeiro, no pior sistema de transporte público do mundo, Lidiane Oliveira, uma atriz negra de 30 anos, moradora de Jardim Palmares, cruza a cidade num ônibus. Ela precisa fazer um teste para uma novela, um bico de teatro infantil no shopping e ainda estrear seu espetáculo como protagonista no lado oposto da cidade. Durante a viagem, um encontro inusitado bagunça passado, presente e futuro.
SESSÃO INFANTIL – CINE SANTA TEREZA
Data: 14 de junho, às 16h30
*Sessão acessível com audiodescrição, LSE (legendas para surdos e ensurdecidos) e Libras
A CACHOEIRA DOS PÁSSAROS
Dir. Thiago Pombo, Animação 8’, Pernambuco, 2024 (Livre)
Diversos passarinhos habitam uma região banhada por cachoeiras, porém um novo empreendimento pode trazer mudanças na dinâmica desse ecossistema.
ANACLETO, O BALÃO
Dir. Carol Sakura e Walkir Fernandes, Animação 12’, Paraná, 2023 (Livre)
Alguns balões são bem coloridos. Alguns participam de festas e cantam parabéns. Alguns balões trabalham com palhaços. Outros esvaziam e encolhem. O balão Anacleto gosta de dar sustos.
KWAT E JAÍ – OS BEBÊ HERÓIS DO XINGÚ
Dir. Clarice Cardell, Ficção 20’, Distrito Federal, 2023 (Livre)
Kwat e Jaí estão em busca de sua mãe que foi engolida por uma sucuri. O heroísmo dos personagens e a presença da mãe com suas canções de ninar levam eles a uma aventura até o aconchego da comunidade.
MEMÓRIAS DA INFÂNCIA
Dir. Alunas e alunos EMEF Manuel Pereira Ramalho, Ribeirão Vermelho, MG/Projeto Animação/IMA, Animação 3’, Minas Gerais, 2023 (Livre)
Inspiradas pelo poema “Infância”, de Carlos Drummond de Andrade, crianças entrelaçam suas memórias mais delicadas como brincar na várzea com irmãos, cuidar de pintinhos, buscar a vaca no pasto ou tomar banho de rio de água limpa e cheia de peixes.
SÓ REZANDO…
Dir. Alunos da Escola Municipal Dionízia Batista da Silva/ Projeto Animação – Instituto Marlin Azul, Animação 14’, Rio Grande do Norte, 2023 (Livre)
Três caçadores estão na mira da comadre Fulozinha e do Acauã. Para se proteger, eles procuram Dona Chiquinha, uma afamada benzedeira da região. História contada e encenada por crianças de São Vicente/RN.
SERVIÇO
13º edição do “Cinecipó – Festival do Filme Insurgente”
Data: entre os dias 4 e 14 de junho
Local: Cine Santa Tereza – Rua Estrela do Sul, 89, Santa Tereza, BH
Destaque da mostra:
Sessão “Encontro com Ruy Guerra”, com a exibição de quatro filmes e presença do cineasta, seguida de conversa com o público
Data de exibição dos filmes: 6, 7 e 8 de junho
Presença de Ruy Guerra nas sessões: 7 e 8 de junho
Filmes exibidos: “Os fuzis” (1963), “A queda” (1978) e “Mueda, Memória e Massacre (1979)
*Sessão acessível com audiodescrição, LSE (legendas para surdos e ensurdecidos) e Libras
Sessão infantil
Data: 14 de junho, às 16h30, no Cine Santa Tereza
*Sessão acessível com audiodescrição, LSE (legendas para surdos e ensurdecidos) e Libras
Oficina “Minha Câmera, Minha Flecha”, ministrada por Natália Tupi e Richard Wera
Data: 4 e 5 de junho
Horário: 14h às 16h
Local: Cine Santa Tereza – Sala Multimeios
Quantidade de vagas: 15
Inscrições: site www.cinecipo.com.br e bio do Instagram @cinecipo
Público-alvo: pessoas interessadas em comunicação, memória, direitos humanos e cultura indígena.