Olar.
Meu nome é Rafa Braga. Sou cantautor e produtor de Belô e fui convidado a te mostrar alguns sons daqui. Você mora aqui e não manja dos paranauês? Sem problemas, isso vai acabar!
A cada 15 dias, em plena quarta-feira, vamos escolher uma música original belzontina recente, pra te lembrar como essa cidade é e continua INCRÍVEL. Como indicar é fácil, pra te convencer de verdade eu vou preparar um texto como esse para cada música, relatando minha experiência e as novas loucuras. Aquele love que acontece de cara, sabe?
O som de hoje se chama “#Partiu (sqn)” e faz parte do primeiro disco solo do percussionista, cantautor, violonista de cabeça pra baixo, sunga-man e maestro titular do “Então, Brilha!”, Di Souza!
Ouve comigo! (me segue no play aí, vai)
Concretizada a entrada em um universo lúdico, onde cachês pendentes são meras ilusões, sou recebido por um personagem. Di Souza alega não dever nada pra ninguém, enquanto as dissonâncias só aumentam e passo a visualizar a cena: o cantor, injustiçado, fugindo dos “zumbis cobradores de cachê”. Um mix cômico, crítico, cheio de sonoplastia, bem arranjado e que dá nome ao disco. Mas nem é dessa que eu vim falar, vem comigo.
Talvez eu esperasse uma faixa-introdução no disco, mas definitivamente não esperava um break. Mas, pera, ele é parte do espetáculo (drr). Uma rádio repleta de retalhos do disco transformados em vinhetas, ministrada por um grande ícone e personagem radialístico de Belo Horizonte, Tutti Maravilha! A rádio que não deve nada pra ninguém já chega me dizendo que a música anterior era sobre um episódio de caganeira, vulgo “piriri”, e que a música a seguir, #Partiu (sqn), tem uma dedicatória cheia de “ãos” (quem sabe também um grande T).
Isso! É essa! O clima aconchegante do começo, tão envolvente que, ao ouvir “xuxuzim”, achei que era comigo. Ai meu coração quando as vozes se abrem. O compositor e sua voz gêmea, Gustavito, ganham a companhia das talentosíssimas e também cantautoras Deh Mussulini, Luana Aires, Leopoldina Azevedo e Irene Bertachini. Tudo começa a crescer, até que…
Chegou a banda da nova geração! Digo, da outra dimensão. De cara já te dou uma dica: cadê o baixo? Isso non ecziste por aqui. A tuba cheia de swing do Aldo BIbiano quase tomou toda a minha atenção.
Ops, mas parou por quê? Prestes a pensar que está demor… a andorinha sai voando. Um coro “respondão” que remete ao coro feminino de “Meu Guri” (Chico Buarque, 1981), voltamos naquilo que, até o momento, você acha que é o refrão. Os gritos fortes são meu suspiro de alívio, de uma tensão cuja origem desconheço, mas que não parava de crescer. De repente, POW! O refrão! Não sei se te movem ou comovem, mas esse filme, essa pipoca, esse sanduiche e esse amor aí já tinham me convencido.
Explosão! O solo, colocado no ápice, “explode os miolos” e me conduz nostalgicamente ao rock dos anos 90, algo como Oasis, e ao solo de “Mother”(Pink Floyd, 1979). Daquelas trilhas de momentos importantes da vida, momentos triunfais. Estou ganhando e nem sei o quê. A música grita por mim, eu precisava. As lembranças das bandas marciais que vi ao longo da juventude passam pela cabeça e a volta do refrão traz minha atenção de volta ao que importa, tudo. Por fim, a respiração do Di acompanha a criança ofegante em mim, maravilhada com um grande circo mágico que passou como um furacão.
Hoje eu aluguei um filme
Tem pipoca e sanduíche
Muito amor, muito mesmo
Pra além da dor
Vem cá ;)
- “#Partiu (sqn)” é a nona faixa do primeiro disco-filho do Di, “Não devo nada pra ninguém”, produzido no estúdio da Casazul e lançado no fim de 2015. O disco é um completo espetáculo, mas, como os melhores, fica ainda melhor ao vivo (vale a pena conferir).
Quer saber melhor quem é o Di Souza? Curte ele lá e vai nos shows mandá bêjo!
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Os shows do Di e de muitos outros cantautores e bandas também vão para a agenda do Pula BH, é só ficar ligado!
Foto: Milard Filmes
Essa coluna não tem e não deve ter restrição de gênero!
Por que teria? A beleza de Belô tá na diversidade.
Tem um projeto ou uma música legitimamente belzontina? Manda pra cá! Será ouvidx com o maior prazer!
rafabraga@pulabh.com.br