Olar.
Hoje, o texto é paulêra, feito a partir desse som incrível dos mestres Abu, Oreia e Fumaça, então vamos direto ao ponto. (Arte de capa: Fumaça)
Ouve comigo!
https://soundcloud.com/abu_mg/abu-e-fumaca-part-oreia-inconsciente
Ah!
O sol que entra, bate no olho e me acorda, não pode ser mera coincidência. Todo dia a minha sina é cair no ofício. Mas quem é que pratica o livre arbítrio? Inconsciente, sinto-me engrenagem. Uma que, segundo a tal “boca do povo”, pode facilmente desprender-se do relógio.
Em uma manhã ousada, o tempo para e, de um dos arranha-céus, desce uma mão repleta de rugas. Parecida com aquela ideia do criador, sabe? Quem me dera. Junto com ela, descia a manga de um terno.
Eu, que me sentia especial por ser, agora, um espectador, forçava levemente a vista, ansioso pelo novo mundo. Minhas pupilas contraíam devagar e, a cada segundo, vários novos rostos entravam em foco. Crianças, adolescentes, adultos e idosos, cada um com uma frieza proporcional à idade e um tédio unânime. Parece que não sou tão especial assim, mas de que importa? Agora sou livre, tenho desejos! E meus desejos que vão além do que o olho aponta.
Especialmente se estamos vendados.
Não demorou muito até focar o rosto do desespero. Ao ver a mão, em busca de um alvo, quase todos entraram em pânico. Repletos de “é agora ou nunca”, até mesmo idosos largavam suas bengalas para seguir o que parecia ser a salvação. Os únicos que pareciam manter a calma eram mais novos, crianças e alguns adolescentes, suficientes em seu próprio mundo ou grudados nas mães, presumo.
Ao olhar para o céu novamente, a mão tinha se transformado em braço, que descia em direção às ruas. À medida em que chegava perto do chão, os que batizei ali de “zumbis do novo mundo” tentavam escalar, sem sucesso, a risca de giz. Do outro lado do quarteirão, um garoto alegre de cabelo crespo desenhava sozinho na rua. Fui de encontro ao garoto, otimista por finalmente ver um sorriso, até que uma sombra imensa se instalou em meu campo de visão.
Talvez não fosse tão fácil assim sair do relógio; talvez eu receba uma punição; talvez o relógio seja a melhor opção. Até porque não parece ter muito o que fazer aqui. Nem lá.
Quando reparei, já estava de olhos fechados, tomado por medo.
É agora.
Segundos se passaram e eu me recusava a observar. Depois de um tempo, o barulho foi diminuindo e, com ele, a sombra. Finalmente tomei coragem e abri os olhos.
Lá estava eu, na mesma rua, cercado de olhares novamente frios, olhando para um desenho interrompido e um pedaço de giz. Ao virar de costas, vejo a mão saindo do relógio, vazia, de volta às nuvens.
The show must go on
Nuestro show no puede parar
O show não pode parar
“O tempo não para”.
Belo ou macabro, entenda como quiser.
“Te satisfaz resposta pronta?”
Curtiu? Há! Não viu nada:
|| Abu || Fumaça || Oreia
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