A primeira edição de 2019 do Sarau Libertário tem o objetivo de reunir, em torno de assuntos caros aos nossos tempos, diferentes linguagens artísticas que se constroem a partir da palavra. Anote: dia 21 de abril, domingo, o Museu de Arte da Pampulha, recebe o evento que tem como tema a cultura afro-brasileira. Com mediação da cantora e jornalista Camila de Ávila, a programação, que é gratuita, costura-se entre conversas e apresentações da atriz e cantora Elisa Lucinda, do cantor e compositor Sergio Santos, da rapper Tamara Franklin e do escritor congolês Félix Kaputu.
“Temos ouvido muito mais sobre os temas relacionados aos negros, em espaços que começaram a se abrir depois de muita luta. A contribuição das culturas afro-brasileiras é imensurável, contudo nosso país ainda é um dos mais racistas do mundo. Os espaços para que os negros possam falar sobre si são espaços de reparação histórica”, sublinha, lembrando a importância da mistura entre vertentes artísticas. “As culturas do povo preto brasileiro se manifestam de muitas formas, através de diversos olhares. Acho importante, até por uma questão de representatividade, que diversas linguagens estejam presentes”, diz Tamara Franklin.
Segundo Kalil Othero, a curadoria foi feita pensando em vozes relevantes da cultura afro-brasileira contemporânea, como a da cantora e atriz capixaba Elisa Lucinda. “O passo decisivo na carreira de Elisa Lucinda foi marcado por sua atuação na peça teatral “Rosa – Um musical brasileiro”, do diretor Domingos Oliveira, em 1989, sendo reconhecida pela classe artística do Rio de Janeiro como uma atriz que canta, ou uma cantora que atua. Mas o talento da artista não se resume à dramaturgia: ela é também escritora, poeta e ativista”.
“Sergio Santos é um dos maiores compositores do Brasil e Tamara Franklin é uma importante referência para mulheres MCs em BH. Além desses incríveis artistas brasileiros, teremos a presença especial do escritor congolês Félix Kaputu, que está no Brasil cursando pós-doutorado na UFMG. Ele é um refugiado e nos trará outras perspectivas sobre o assunto”, continua a produtora. “Um dos diferenciais do Sarau é justamente o diálogo entre várias modalidades artísticas, como literatura, teatro e música. Em se tratando de arte contemporânea, é muito difícil separar as diferentes linguagens, já que os artistas estão cada vez mais optando por construir obras transdisciplinares”, completa.
Sobre o Sarau Libertário:
Surgiu em 2016, movido pelo desejo de criar um espaço novo e plural para artistas independentes de BH. Até hoje, foram realizadas 11 edições, que contaram com a participação de 35 artistas. A lista tem nomes da música, como Julia Branco, Di Souza, Kdu dos Anjos e Deh Mussulini; da literatura, como Lucia Castello Branco, Nívea Sabino e João Maria Kaisen; e do teatro, como as atrizes Lira Ribas e Mariana Arruda.
“Começamos em 2016, com quatro ótimas edições. O tema do primeiro foi ‘Primeiras Palavras’ e o segundo ‘Cantar o Amor’. Já o terceiro foi ‘O Silêncio e o Grito’ e, o quarto, ‘Metamorfoses'”, relembra Kalil Othero. “Em 2017, estreamos com um novo formato do Sarau, com o tema ‘Beagá em Cena’. No mês de junho, o tema foi ‘Gênero e Diversidade’ e, em setembro, ‘Poéticas da Mulher’. Para fechar, eu e o Octávio Cardozzo, que também produz o Sarau, montamos uma edição especial, chamada ‘Amor Amargo'”, completa.
Já no ano passado foi a vez de debater o tema “Passados & Futuros”, com Ana Elisa Ribeiro, Sidarta Riani e o Bremmer Guimarães. “Em junho, fizemos uma linda e potente edição sobre ‘Poéticas Negras’, com o professor Marcos Alexandre e a cantora Josi Lopes. Em dezembro, a última edição do ano teve como tema ‘Vozes Dissonantes'”, conta a produtora, lembrando a importância de abrir espaço para novos artistas. “O microfone aberto sempre foi algo imprescindível para nós, pois achamos importante ouvir o que o público tem a dizer. Nos interessa abrir portas para novas vozes”, finaliza Kalil Othero.
Serviço: 1º Sarau Libertário de 2019 – Cultura Afro-brasileira
Quando. 21 de abril, domingo, a partir das 11h
Onde. Museu de Arte da Pampulha (Av. Otacílio Negrão de Lima, 16585, Pampulha)
Quanto. Entrada franca