“Aqui tudo parece que é ainda paraíso e já é inferno”, do artista plástico Marcel Diogo é destaque na Aliança Francesa Belo Horizonte e tem inauguração no dia 26 de julho. A exposição é o quarto evento da programação anual da galeria Georges Vincent, em um total de oito exposições ao longo do ano, todas com o tema tema “Arte na Luta”.
O artista Marcel Diogo buscou inspiração para as obras em uma sentença do filósofo e antropólogo franco-belga Claude Lévi-Strauss no ensaio “Tristes Trópicos”, que diz: “aqui, tudo parece que é ainda construção e já é ruína”. O texto ainda vai além para fazer uma análise do Brasil, que, nas palavras de Lévi-Strauss, “corre o risco de ficar obsoleto antes de ficar pronto”.
Tendo essa previsão em mente, Marcel Diogo faz uma análise antropológica das condições antagônicas do país nas telas da série. “O território brasileiro apresenta-se como promessa paradisíaca desde o início de sua construção, porém, revela-se infernal em seu cotidiano desigual”, reflete ele.
O fogo é o protagonista da mostra: as obras apresentam silhuetas de carros incendiados, em referência às diversas manifestações políticas que ocorrem no Brasil desde 2013. “Talvez, o automóvel incinerado em protestos nos grandes centros urbanos represente o desejo de purgar as mazelas sociais e reascender nas cidades melhores condições de vida. Talvez, as chamas possam consumir o inferno e trazer o prometido paraíso”, subjetiva o artista.
Sobre o artista
Marcel Diogo nasceu em Belo Horizonte em 1983 e é formado em Artes Plásticas, com habilitação em Pintura e licenciatura em Desenho e Plástica pela Escola de Belas Artes da UFMG. Em sua trajetória, desenvolve pesquisas em diversos meios, dentre os quais, destacam-se a produção pictórica e projetos curatoriais independentes. O portfólio inclui pinturas bidimensionais, impressões, trabalhos com técnicas mistas e suportes alternativos, construções híbridas, instalações tridimensionais (que ele identifica como “espaciais”), audiovisuais e performances. Destaque para as residências artísticas realizadas no vilarejo-fantasma Cemitério do Peixe, nos arredores de Conceição do Mato Dentro (MG); e na província do Rio Negro, na Patagônia Argentina, intitulada “Cova para um”, com foco nas mais de 30 mil vítimas de desaparecimento durante a ditadura daquele país. Marcel Diogo coordena o Atelier do Ressaca, em Contagem, e faz parte da iniciativa Cerca, sigla para Coletivo de Experiências em Residências e Colaborações Artísticas.
SERVIÇO:
Exposição “Aqui tudo parece que é ainda paraíso e já é inferno”, de Marcel Diogo
Abertura: 26 de julho, às 19h
Visitação: de 27 de julho a 23 de agosto
Horários: de segunda a quinta, das 7h30 às 20h15 | sexta-feira, das 7h30 às 17h15 | sábado, das 8h às 13h
Local: Aliança Francesa Belo Horizonte (rua Tomé de Souza, 1.418, Savassi)
Entrada gratuita