FIOTIM – O Museu em Movimento é uma Fábula-Instalação criada pelo artista mineiro Jorge Fonseca e estará em exposição em Belo Horizonte, até o dia 06 de maio, na Funarte.
Na exposição, um camelô visita um importante museu em Minas Gerais – o Inhotim – e descobre ali uma oportunidade de mudar de vida. A partir de então, este ‘arteiro viajante’ se lança na missão de fazer miniaturas de tudo o que viu. Mesmo sem entender nada daquilo e dispor de poucos recursos, produz, do seu jeitinho, uma série de souvenirs – imitações dos objetos de adoração – com o objetivo de ‘tirar proveito’ da fé, da devoção e da comoção que envolve aqueles romeiros contemporâneos, que adentram o paraíso pós-moderno, ávidos por progresso espiritual, sabedoria e conhecimento.
Esta é a saga de Jorge K., que faz as vezes de mestre de cerimônia do FIOTIM. O personagem possui uma biografia, personalidade própria e um visual altamente cativante. Realiza performances e é uma atração a mais neste envolvente universo criado por Fonseca. Para a construção do projeto, ganhador do 1º lugar no Prêmio Funarte – Conexão Circulação Artes Visuais 2016, Jorge Fonseca se inspirou nos mascates e camelôs de outrora. Outra inspiração foram os “gabinetes de curiosidades”, pequenos circos sobre rodas que percorriam cidades do interior levando ao público uma exposição de raridades e novas descobertas.
Com o FIOTIM, Jorge Fonseca percorre o Brasil promovendo a democratização do acesso à arte e à cultura, parando em lugares improváveis e gerando acontecimentos inusitados, em um trailer que abriga a instalação, com ares de circo e parque de diversões, com direito a jardins, aves, paisagens, fontes e muito sonho. O projeto é perpassado por uma fina ironia que o artista vem destilando ao longo de sua intensa produção, mas é, acima de tudo, uma exaltação à arte.
Conceitualmente, FIOTIM representa a síntese de 22 anos de pesquisa de Jorge Fonseca. Um desdobramento do seu “fazer artístico” que extrapola os limites do ateliê e passa a ocupar os espaços públicos, estabelecendo um nível mais profundo de relação com as pessoas. Ao mesmo tempo, traz um questionamento acerca de uma série de conceitos que norteiam e determinam o sistema de arte na contemporaneidade.
Sua singularidade está no fato de atrair um público diverso, pessoas que nunca estiveram em uma exposição de arte ou em um museu e que, nem por isso, se intimidam diante das ações e dos objetos que lhes são apresentados. “O fato é que um número significativo de pessoas nunca entrou em um museu. Sequer já viu um de perto. E de repente chega o FIOTIM na cidade e cria a oportunidade para as pessoas se conectarem com a arte. E o que é melhor: de uma forma festiva e afetiva. Essa é uma das principais características conceituais do projeto como um todo, desacostumar as pessoas a ter um contato frio e ‘sisudo’ com a arte em exposições. Seja em praça pública ou em espaços institucionais, um dos atributos da arte deve ser possibilitar o prazer e a alegria. O FIOTIM tem essa capacidade de quebrar paradigmas”, conta Fonseca.
Em 2015, no Rio de Janeiro, o projeto participou do Festival de Esculturas Monumentais, da Feira de Arte Urbana – Art Rua e do Festival Interculturalidades, da UFF, em Niterói. Entre julho e setembro de 2016, percorreu milhares de quilômetros com a Caravana “No Coração do Brasil”, margeando o Rio São Francisco de sua nascente até a foz, do sertão de Minas Gerais ao litoral de Alagoas. O artista também foi indicado ao Prêmio Pipa 2017 e sagrou-se vencedor do Prêmio PIPA OnLine (categoria Voto Popular)
Sobre a estrutura:
O FIOTIM é um ambiente multissensorial que envolve o espectador convidando-o a interagir com a obra. O trailer possui, em sua parte externa, um jardim artificial composto por gramado, plantas, flores e aves; além de lâmpadas e cataventos. Internamente, comporta até quatro pessoas por vez que podem visitar as 40 obras de arte – releituras feitas em miniatura das obras monumentais de Inhotim.
O “Parque Everland” é um espaço composto por vários ‘objetos estéticos relacionais’. Nele, os visitantes interagem e se divertem com as esculturas interativas. Algumas inspiradas em brinquedos já existentes, com nomes bem originais, como: a “Máquina de Abrir Sorrisos”, o “Realizejo”, o“Self-Game – o Seu Maior Adversário é Você”, o “Renascedouro”, a “Máquina de Fazer Arte” dentre outros.
O projeto ainda possui um programa que desenvolve ações educativas e fomenta o conhecimento nas cidades por onde passa: residências artísticas, oficinas de arte, palestras, intercâmbio com artistas locais, visitas guiadas para educadores e estudantes etc.
SERVIÇO:
FIOTIM – O Museu em Movimento
Visitação: até de março a 06 de maio. De quarta a domingo das 14h às 22h.
*Durante o feriado, a Funarte funcionará normalmente
Endereço: Funarte | Rua Januária, 68 – Centro
http://fiotim.com.br/
Sobre o artista:
Jorge Fonseca (1966) é mineiro de Conselheiro Lafaiete, ex-marceneiro e maquinista de trem. Artista autodidata, foi premiado no 53° Salão Paranaense (1996), no Salão de Arte Contemporânea de Campos (RJ, 1996) e no Salão Nacional de Arte de Goiás (2002). Em 2009, recebeu da Fundação Pollock-Krasner, de Nova York, uma “bolsa de estímulo à produção” – por mérito e conjunto da obra. Em 2016 conquistou o 1º lugar no Prêmio Funarte – Conexão Circulação Artes Visuais. Em 2017 foi indicado ao Prêmio PIPA e venceu o Prêmio PIPA OnLine – pela votação popular. Atuou também como designer de moda e de móveis, arte-educador, diretor de criação e produção de grupos de artesãos, dirigente de organização não governamental, idealizador e coordenador de projetos sociais e professor convidado, por notório saber, do Departamento de Artes da Universidade Federal de Juiz de Fora. Vive e trabalha em Ouro Preto.
Quem é Jorge K
Jorge K é camelô e arteiro-viajante. Nasceu com os primeiros gritos da primavera. Ao vir ao mundo, não chorou. Simplesmente abriu os olhos e limitou-se a dizer: “EU VIM PRA INVENTAR A RODA!”. Isso já existe, menino – disse a mãe, sorridente. “NÃO DO MEU JEITO!” – retrucou ele, enquanto partia o cordão umbilical com os dentes e já descendo da cama. Ao sair, virou-se pra trás e profetizou: “NADA SE CRIA, TUDO SE PROCRIA!”. Nunca mais foi visto por ali. Reapareceu em Macondo aos 12 anos, ganhando a vida com um circo de pulgas. Saiu de lá tempos depois, no rastro de uma trupe de ciganos.
Muitos anos mais tarde foi visto na Índia, vendendo raízes que curam o “mal de amor”. Foi marinheiro na Austrália, onde escapou ileso de um ataque dos terríveis tubarões-tigre. Perdeu o rosto na China, quando inventava os maravilhosos fogos cor-de-rosa. Fez 18 operações plásticas – o que lhe permite esconder a idade. Vagou pelo mundo por décadas, como camelô de quinquilharias. Sumiu de novo. Ressurgiu agora em Brumadinho, disposto a apresentar ao mundo as extraordinárias peripécias de artistas universais e suas incríveis maquinações contemporâneas, reunidas no maior espetáculo da face da terra: O inigualável FIOTIM – A Oitava Maravilha do Mundo Contemporâneo.